Esta semana, o tema escolhido incui-se na matéria do sistema urinário. Vamos sobre o cancro do rim!
O que é?
O cancro dos rins é uma neoplasia maligna que afeta as células dos
túbulos renais, levando a um crescimento anárquico e desorganizado
dessas células, com compromisso da função renal e, em casos avançados,
invasão de outros órgãos distantes. Patologicamente, a maior parte dos
cancros do rim são adenocarcinomas. O carcinoma de células de transição
da pelvis renal é o segundo em frequência. Sarcomas e linfomas são
raros.
Quem é mais atingido?
O cancro renal constitui 2% de todas as doenças malignas. A incidência
aumentou lentamente durante a última década. Os homens são duas vezes
mais afetados do que as mulheres. A doença é rara antes dos 40 anos de
idade. A mais alta incidência encontra-se nos países ricos da Europa do
Norte e América do Norte.
Quais são as causas?
A causa do cancro dos rins é desconhecida. No entanto, existem fatores
associados a um risco aumentado de cancro renal: o tabaco (cigarros,
charutos e cachimbo), uma história familiar de cancro do rim e a
exposição ao thorotrast, um agente de contraste radiográfico usado no
passado. Os fatores genéticos raramente têm um papel relevante, com
excepção do síndroma de von Hippel-Lindau, que é uma doença hereditária
rara, de transmissão autossómica dominante, caracterizada pela presença
de hemangioblastomas do cerebelo e retina, e que tem uma incidência até
25% de cancro dos rins.
Com prevenir?
Não existe nenhum método de prevenção do cancro dos rins, já que as suas
causas são desconhecidas. De igual modo, não existe nenhum método
efetivo de diagnóstico precoce que seja barato, sensível e específico, e
que possa ser facilmente aplicado a um grande número de indivíduos em
risco.
Como se manifesta?
O sintoma mais frequente é a hematúria (sangue na urina), e está
presente em 50% dos doentes. Uma dor persistente e surda nos flancos, e a
presença de uma massa abdominal palpável são, também, queixas
frequentes. A perda de peso é outro sinal frequente, em 30% dos doentes.
A tríada clássica de hematúria, dor no flanco e massa palpável ocorre
apenas em 10-15% dos doentes. Em 10 a 25% dos casos, os sintomas
representam doença metastática disseminada, envolvendo o fígado,
pulmões, ossos ou cérebro. Em alguns casos, a doença é assintomática e é
detetada ocasionalmente no decurso de um exame médico de rotina ou
através da avaliação de hematúria microscópica. Os sinais mais
frequentes no exame físico incluem uma massa palpável no flanco (50% dos
casos), febre (20% dos casos), e palidez devido a uma anemia (40% dos
doentes).
Qual é a evolução?
A sobrevivência depende do estado evolutivo da doença. Cerca de 30% dos
doentes têm um tumor confinado aos rins. A resseção radical do rim
afetado (nefrectomia) produz uma sobrevivência, ao fim de 5 anos, de
65-70%. Outros 30% apresentam-se com doença localmente avançada, mas não
metastática. A taxa de sobrevivência desce para valores entre 20% e
50%. Finalmente, 25 a 33% dos doentes têm doença disseminada a outros
órgãos distantes (doença metastática). O prognóstico é grave e a
sobrevivência média é de apenas 6 meses. No entanto, em alguns doentes, o
cancro tem um curso marcadamente indolente e, em certas séries, 10% dos
doentes podem estar vivos, 5 anos após a deteção das metástases. Os
sítios metastáticos mais frequentes são os gânglios linfáticos, pulmões,
ossos, glândulas supra-renais, fígado, o rim oposto e o cérebro.
Recorrências tardias, mais de 10 anos após a resseção cirúrgica
primária, ocorrem em cerca de 10% dos doentes, sugerindo a presença de
células tumorais de crescimento extremamente lento, ou a presença de
fatores imunitários que são capazes de controlar a doença por longos
períodos. Muito raramente, têm sido descritos alguns casos bem
documentados de regressão espontânea do cancro do rim, sem tratamento,
ou de regressão de lesões metastáticas após resseção do tumor primário.
O mecanismo é desconhecido. Infelizmente, na grande maioria dos casos, a
presença de metástases implica a progressão inexorável da doença,
independentemente de intervenções terapêuticas ativas.
Como é feito o diagonóstico?
Um teste simples e económico para avaliação inicial de hematúria ou
outros sintomas sugestivos é a pielografia endovenosa, que pode
demonstrar uma massa renal ou distorção da silhueta renal. A tomografia
axial computorizada - TAC -, a ultrasonografia ou a ressonância nuclear
magnética são exames mais sensíveis que permitem uma melhor definição de
anomalias renais. A confirmação definitiva, que se torna imperioso
obter, consiste na remoção de um fragmento de tecido para exame
histológico (biópsia ou peça cirúrgica).
Como tratar?
A única terapêutica curativa é a resseção cirúrgica completa de um
cancro renal localizado, através de uma nefrectomia radical. Em geral, a
presença de metástases em órgãos distantes contraindica a resseção
cirúrgica do tumor primário. No entanto, ocasionalmente, consegue-se uma
sobrevivência prolongada após nefrectomia e resseção cirúrgica de
metástases solitárias, em doentes com um bom estado geral. Recorrências
solitárias, muitos anos após uma nefrectomia, devem também ser removidas
cirúrgicamente, o que pode assegurar um sobrevivência prolongada. A
radioterapia tem um papel menor na cura desta doença. No entanto, é uma
boa técnica paliativa que permite o alívio de sintomas, em casos de
metástases ósseas ou cerebrais. A hormonoterapia e a quimioterapia não
são eficazes nesta doença. As respostas são parciais, de curta duração e
a taxa de sobrevivência não é afectada. Recentemente, terapêuticas
biológicas têm sido investigadas, incluindo estudos com a Interleukina-2
(IL-2) e altas doses de Interferon alfa, com respostas, em regra,
apenas parciais numa pequena percentagem de doentes. Devido a estes
fracos resultados, aconselha-se a entrada de doentes com cancro do rim
metastático em protocolos de investigação clínica, que permitem testar
novas drogas. Todos os doentes com cancro dos rins devem ser referidos a
Departamentos de Oncologia para avaliação e discussão da terapêutica
óptima.
Reflexão: O cancro do rim é um problema muito grave! O facto de as causas serem desconhecidas, torna o tratamento e o diagonóstico mais complicados. Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário, cuja função é filtrar o sangue e produzir urina. Este é um problema que não é muito comum, daí todos os doentes diagnosticados com cancro do rim, devem ser referidos a Departamentos de Oncologia para que seja feita uma avaliação de cada caso. Apesar de as formas de tratamento serem reduzidas, os cientistas estão a trabalhar para descobrir e testar novas drogas. Não havendo formas de prevenção devido ao facto de a causa ser desconhecida, a única coisa que podemos fazer é ter atenção às suas manifestações.